Carolina Carla Cruz
07 de dezembro de 2025 | 2 min. de leitura
Carolina Carla Cruz
07 de dezembro de 2025 | 2 min. de leitura
O consumo mudou — de novo.
E desta vez, não foi só o bolso que mudou.
Foram os valores.
A antropologia sempre disse que mercados não começam em produtos, mas em sentidos.
E o que estamos vendo em 2025 é exatamente isso: um consumidor que decide menos pelo “quanto custa” e muito mais pelo o que isso diz sobre mim, sobre o mundo e sobre o futuro.
Hoje, o shopper vive no cruzamento de quatro forças:
1️⃣ IA moldando decisões invisíveis
A inteligência artificial não só sugere — ela orienta caminhos de compra, influencia repertórios e cria microculturas digitais.
A jornada deixou de ser linear e virou um mosaico de influências, algoritmos e comunidades.
2️⃣ Redes sociais como território identitário
O consumo virou linguagem.
O que eu compro comunica quem eu sou, para qual grupo pertenço e qual narrativa eu escolho reforçar.
O feed é um espelho social — e a marca que não entende isso vira ruído.
3️⃣ ESG saindo do discurso e entrando no critério real de escolha
Sustentabilidade, diversidade e impacto deixaram de ser “temas bonitos” e passaram a ser “critérios de pertencimento”.
Não é mais sobre parecer responsável — é sobre atuar com coerência, do rótulo à operação.
4️⃣ Valores como bússola de consumo
O shopper 2025–26 busca:
• vida mais simples
• funcionalidade real
• marcas com propósito vivo
• transparência que não escorrega
• experiências que respeitam seu tempo e sua inteligência
Ele compra menos, mas compra melhor.
Troca volume por coerência.
Troca excesso por significado.
🔍 E o que isso significa para as empresas?
Significa que estratégia não começa no dado — começa na cultura.
Quem não integra antropologia ao negócio vai continuar tentando empurrar campanhas para um consumidor que já está em outro lugar.
As empresas que querem sobreviver a esse novo ciclo precisam:
✔ Interpretar comportamentos, não só métricas
Número sem contexto vira ilusão.
O que move o shopper hoje é muito mais emocional do que transacional.
✔ Ler microculturas digitais para mapear tendências reais
Cada comunidade online cria seus próprios códigos.
Quem não decodifica isso perde timing.
✔ Conectar IA à sensibilidade humana
IA sem antropologia acelera o erro.
Antropologia sem IA perde ritmo.
✔ Transformar ESG em prática, não em pauta
O consumidor já percebe quem entrega impacto e quem entrega discurso.
✔ Reescrever o papel das marcas na vida das pessoas
Não basta ser funcional.
É preciso ser relevante.
Presente.
E culturalmente coerente.
✨ Porque, no fim, consumo é antropologia pura.
É sobre desejo, identidade, pertencimento, medo, futuro e narrativa.
Quem entende gente, entende mercado.
Quem entende cultura, entende tendência.
Quem entende comportamento, constrói vantagem competitiva.
E quem conecta tudo isso, cria marca viva — não só marca visível.